terça-feira, 12 de março de 2013

Clientes, volver!

Este ano teremos mais uma provinha do MEC para medir o nosso IDEB.  Na educação, as coisas levam tempo para acontecer. Uma modificação aqui e outra ali podem levar anos para produzirem resultados. No IDEB de 2013, o atual governo não tem responsabilidade alguma. O que estará sendo avaliado é a gestão da secretária Carolina-prefeito Mirinho Braga.

Passados 17 anos de emancipação, nossa educação foi reprovada em todos os IDEBs do MEC: 2005, 2007,2009 e 2011. Tanto nos anos iniciais do ensino fundamental (1ª a 5ª séries) quanto nos anos finais (6ª a 9ª). A cada ano avançamos um pouquinho mas não conseguimos passar da nota cinco. Ou seja, nossa educação nunca passou de ano todos esses anos! E, muito longe ainda da meta 6,0 do MEC, prevista para 2021. E olha, que só faltam 8 anos para chegarmos lá. No último IDEB, o de 2011, ficamos com nota 4,6 nos anos iniciais e 4,0 nos anos finais. Uma vergonha para um município riquíssimo (ainda) comparado com os outros 92 municípios do estado do Rio de Janeiro.  Limitando-se as comparações apenas à nossa Região dos Lagos,  empatamos com a pobre Iguaba Grande nos anos iniciais e perdemos na avaliação dos anos finais. 

Essas coisas não acontecem por acaso. Muitos especialistas em educação apontam uma série de fatores que levam a esses resultados. Podemos dividi-los, sem querer aprofundar a discussão neste espaço, em fatores  estruturais físicos  e humanos.

Quanto ao primeiro aspecto, basta fazer uma visitinha às nossas escolas para constatar que lhes falta muito em termos da infraestrutura necessária para se obter um bom resultado escolar. Elas são feias, mal construídas, mal iluminadas,  com bibliotecas insuficientemente equipadas, salas de informática inexistentes, sem espaço para a prática de esportes e sem auditórios. Apesar de termos excelentes arquitetos, nossas escolas devem ter sido "projetadas" pelo centralizador Mirinho Braga. Toninho só fez uma. Pelo menos tem quadra poliesportiva interna.

Quanto ao aspecto humano,  é lamentável que tenhamos tido como secretárias de educação duas professoras escolhidas unicamente pelo critério de amizade e afinidade  política com o    prefeito de plantão. Toninho ficou apenas um mandato com a sua secretária de educação Norma Cristina. Mirinho, pior, insistiu com a sua por três mandatos, apesar dos resultados desastrosos obtidos por ela para a educação de Búzios.  Não só as secretárias eram escolhidas por critérios políticos-eleitorais mas todo primeiro escalão da educação do município. Tirando os poucos concursados, em geral excluídos dessa escolha, todas as diretoras, diretoras adjuntas, etc, eram escolhidas pelo prefeito ou indicadas por vereadores. Chegávamos a ter carreiras de funções contínuas, como inspetor de alunos, consideradas como  cargos comissionados, e como tal preenchidos por indicação política. Imagina o que é ter uma secretária escolar ungida de um dia para o outro a diretora de escola.  As consequências dessas irresponsabilidades nossas crianças sofreram esses anos todos!

Sempre houve em Búzios reserva de mercado para profissionais da educação buzianos. Parece que os vereadores atuais pretendem manter o status quo, independente dos resultados obtidos até aqui. Mas precisa ser dito que  a reserva nunca foi ampla, geral e irrestrita. Só valia para os parentes, namoradas, amigos e correligionários políticos do prefeito e vereadores. Quem não era da curriola, mesmo que competente, ficava de fora, dançava. Concursado então, sempre foi mal visto. É verdade que essa política de manutenção do curral eleitoral era feita em todos os setores da Prefeitura, mas há de se convir que seus efeitos na educação eram por demais nocivos por repercutirem negativamente sofre a formação de crianças indefesas.

O último concurso público- diga-se, de passagem, só realizado por pressão do MP- quase mata de vez o clientelismo reinante em Búzios ao longo desses 17 anos. Sobrevive ainda, robusto, em nossa Câmara de Vereadores com 126 funcionários e apenas 17 concursados. Não é a toa que a maioria dos vereadores é contra qualquer processo seletivo. Mas na educação de Búzios, o clientelismo teve e têm outras consequências, também muito negativas.

Nesse ambiente de manutenção de privilégios absurdos como podia haver democracia? Como justificar os critérios de escolha do primeiro escalão? Como justificar a pessoalidade da seleção? Como justificar pessoas incompetentes em cargos de direção?  Portanto, nesse ambiente,  a democracia não podia prosperar de modo algum. Nada de consultas a professores e  comunidade escolar em geral. Para quem desobedecesse, as represálias de sempre.  Nada de estimular a organização estudantil! Nada de democracia na secretaria e nas escolas. Eleição direta de diretores escolares, uma temeridade!  Conselhos escolares pra quê? Trazer esse povinho inculto pra dentro da escola pra quê?

Comentários:

  1. Na nossa cidade a educação é vista como despesa e não como investimento. Professores sem aperfeiçoamento, escolas sem turno único (não turno único de enganação, mas com ênfase na melhoria do aprendizado, com estudo dirigido... principalmente). O orçamento da cidade privilegia a coleta de lixo e não a educação, veja os dois orçamentos! Só agora teremos uma parcela maior de professores concursados. Quanto a qualidade das instalações, devem demandar muita atenção, mas nunca é demais lembrar que algumas das escolas que alcançaram os primeiros lugares no IDEB são dos confins do Brasil e com instalações muita piores que as das escolas de Búzios. Você como professor sabe que educação de primeira é feita com professores capazes, motivados, cobrados e acima de tudo valorizados social e financeiramente, mais que com instalações luxuosas. È preferível um bom professor dando aula embaixo de uma árvore, do que um professor despreparado e entediado num anfiteatro luxuoso! O super-orçamento é direcionado para as áreas onde possa ser melhor manipulado, principalmente obras e serviços de difícil monitoramento. Mais um prefeito e vejo as mesmas práticas na condução das licitações. O orçamento participativo não vai além das campanhas políticas.                   

Um comentário:

  1. Na nossa cidade a educação é vista como despesa e não como investimento. Professores sem aperfeiçoamento, escolas sem turno único (não turno único de enganação, mas com ênfase na melhoria do aprendizado, com estudo dirigido... principalmente). O orçamento da cidade privilegia a coleta de lixo e não a educação, veja os dois orçamentos! Só agora teremos uma parcela maior de professores concursados. Quanto a qualidade das instalações, devem demandar muita atenção, mas nunca é demais lembrar que algumas das escolas que alcançaram os primeiros lugares no IDEB são dos confins do Brasil e com instalações muita piores que as das escolas de Búzios. Você como professor sabe que educação de primeira é feita com professores capazes, motivados, cobrados e acima de tudo valorizados social e financeiramente, mais que com instalações luxuosas. È preferível um bom professor dando aula embaixo de uma árvore, do que um professor despreparado e entediado num anfiteatro luxuoso! O super-orçamento é direcionado para as áreas onde possa ser melhor manipulado, principalmente obras e serviços de difícil monitoramento. Mais um prefeito e vejo as mesmas práticas na condução das licitações. O orçamento participativo não vai além das campanhas políticas.

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